Caricatura – o desenho de Humor

cartum antigo
Caricature Magazine September 1, 1807 

O desenho de humor, a Caricatura; tem forma de arte ampla e abrangente; narra, retrata, e destaca  a sociedade como um todo,  em pequenos grupos, ou individualmente;

Expondo suas qualidades e seus defeitos em representações gráficas ou plásticas vistas sob o prisma do humor.
Nessa perspectiva do termo “Caricatura”, podemos entender como manifestação dessa arte, a Charge, o Cartum, a História em Quadrinhos, a Tira e a própria Caricatura ( representando uma caricatura pessoal ).
A caricatura e toda a sua manifestação, considera o material produzido ( geralmente desenhos ) como obras de arte em si, ou seja, toda a caricatura produzida  é uma obra de arte, independente de sua utilização.

A caricatura é o espelho que engrossa as feições e torna os objetos mais salientes.  

   Eça de Queiroz

Desenho de Humor: A Caricatura, a Charge e o Cartum

Retratos Engraçados – A Caricatura

Caricatura é uma representação gráfica que busca distorcer (aumentar, diminuir, ou exagerar ) uma qualidade ou uma característica de uma pessoa, animal ou objeto;  transformando o desenho ( ou outra representação plástica ) em um  “Retrato Engraçado ” , que tem como objetivo primário o humor.

Mas segundo a Wikipédia  ” Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo. ”

Caricatura é uma forma de arte mais geral e abrangente, e se expressa por meio do desenho, pintura e escultura. A palavra Caricatura, deriva do verbo italiano caricare ( carregar, sobrecarregar, com exagero ), e foi usada pela primeira vez em 1646 por A. Mosini.

A caricatura moderna surgiu no Renascimento, quando o homem passou a ser o centro da estética artística; e o principal colaborador para o desenvolvimento da caricatura foi Leonardo da Vinci ( 1452-1519 ).

A crítica sem data – O Cartum

Cartum Laerte – Brasil

No cartum são abordados temas universais, que todo ser humano está sujeito a passar,  como fome, sede, injustiça, morte, etc.

E por ser tematicamente universal não necessita de contexto, gancho ou época para ser entendido. Normalmente são abordados questões de comportamento humano, mas sem referência a um personagem especifico, pois são atemporais.

O principal papel do Cartum é dar uma opinião, e por essa característica, o Cartum é um ótimo registro histórico da sociedade.

Muitos Cartuns representam tão bem a opinião de pessoas, e de épocas, que é possível entende-las muitos anos depois de sua criação.  

Cartum Laerte – Brasil

O Cartum surgiu em 1874, em Londres. Quando o príncipe Albert queria decorar o Palácio de Westminster e, para isto, promoveu um concurso de desenhos feitos em cartões.

Os vencedores teriam seus desenhos colados na parede do palácio. No intuito de satirizar, a revista “Punch” publicou seus próprios “cartoons”, imitando as artes criadas para o Palácio.

Pagina da revista Punch

O cartum é considerado um modo de comédia e até hoje conserva o seu espaço na imprensa.

No contexto moderno, o cartum se mostra como uma obra de arte frequentemente utilizada com intenção de crítica / humor, e tem seu espaço garantido em várias mídias.   

Caricatura social – A Charge

Patrick Chappatte in Le Temps (Switzerland)

A Charge é um desenho humorístico, animado ou não, que tem como característica a crítica, de maneira breve, dos momentos que abrangem o dia a dia de uma sociedade.

Principais caracteristicas das Charges :

  • Retrata a atualidade;
  • É usada para retratar um fato social ou político de relevância;
  • Reflete na imagem o posicionamento de seu autor;
  • A charge também pode ser chamada de texto visual em que utiliza o humor ao mesmo tempo em que critica;
  • Como se alimenta da novidade, é tida como uma narrativa efêmera;
  • Caso não venha acompanhada de um contexto, pode não ser compreendida.

É o gênero no qual o autor expressa sua visão dos fatos por meio de caricaturas. A charge pode vir com um ou mais personagens, geralmente personalidades públicas. 

Mas também costuma apresentar pessoas envolvidos na política, devido ao seu teor crítico. Podendo conter ou não legendas e balão de fala, sempre usando o humor.

 
De origem francesa, “charger” quer dizer “carga”, ou seja, o uso do exagerado para representar alguma situação ou alguém de forma cômica. 

A primeira charge publicada no Brasil tinha o título “A Campanha e o Cujo“, criada por Manuel José de Araújo, em 1837, em Porto Alegre.

Charge de Belmonte


Surgiram no século XIX e trouxeram à tona a necessidade do público de expressar indignação e insatisfação com o poder/governo vigente. 

O público, através da charge, encontra caminhos para entender os acontecimentos ocorridos no mundo todo. 

O profissional que as desenha, chargista, precisa ter conhecimento dos assuntos em pauta para poder retratá-los e transmiti-los de forma objetiva.

Qual a diferença entre Cartum e Charge

Bastantes confundidos, cartum e charge são diferentes e aplicados em casos específicos. O Cartum não tem ligação temporal clara. É utilizado em qualquer situação, sendo  uma crítica humorística ou não.

  Esse gênero textual pode ser entendido por diversas pessoas, de diferentes países, diferentes culturas e em diferentes épocas.

Ou seja, no cartum são abordados temas universais, e relacionado à acontecimentos e temas atemporais.

Enquanto a charge é temporal, com temas da contemporaneidade. O primeiro não retrata uma personalidade isolada, mas sim a coletividade, já o segundo pode usar a imagem de pessoas públicas. 

Concluindo

  A caricatura é o elemento que une e possibilita o Cartum e a Charge. Através da caricatura é que toda essa arte é possível. 

  A história do mundo, dos povos, dos países, das tendências sociais, das lutas políticas… tudo acaba sendo representado e registrado pela caricatura, cartum e charge.

  Podemos desconhecer, mas nunca subestimar e  menosprezar estas artes essênciais para explicar o mundo que vivemos.